quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

PRÊMIO! Muito Obrigado.


"Com o Prêmio Dardos se reconhecem os valores que cada blogueiro emprega ao transmitir valores culturais, étnicos, literários, pessoais, etc. Que em suma, demonstram sua criatividade através do pensamento vivo que está e permanece intacto entre suas letras, entre suas palavras. Esses selos foram criados com a intenção de promover a confraternização entre os blogueiros, uma forma de demonstrar carinho e reconhecimento por um trabalho que agregue valor à Web."

O reconhecimento tornou-se possível graças a generosidade de alguém que usa a internet para nos abraçar a alma e nos afagar o coração.
Obrigado Val Du, que nos concedeu este Prêmio através de seu blog Loucuras De Lady Lita.

Ser reconhecido, também é saber reconhecer.
Os indicados são:

http://valenitaalves.wordpress.com/

http://vergonha-nacara.blogspot.com/

http://litaduarteeblackjr.blogspot.com/

http://www.sustentabilidade.blog.br/

http://largodamemoria.blogspot.com/

http://merciogomes.blogspot.com/

http://romerioromulo.wordpress.com/

http://kizombanoterreiro.blogspot.com/

http://andisaidgoddamn.blogspot.com/

http://bloquinhodecrianca.blogspot.com/

http://pequenosnadas2-nelio.blogspot.com/

http://ajudandonatureza.blogspot.com/

http://diamusicapensamento.blogspot.com/

http://ndgpfotografia.blogspot.com/

http://loucurasdeladylita.blogspot.com/

Se você está na minha lista, por favor:
Exiba a imagem do Prêmio.
Poste o link do blog pelo qual recebeu o Prêmio.
Escolha outros 15 blogs para você entregar o Prêmio.
Avise seu escolhido.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

PASSAREDO

(Francis Hime - Chico Buarque)

Ei, pintassilgo
Oi, pintaroxo
Melro, uirapuru
Ai, chega-e-vira
Engole-vento
Saíra, inhambu
Foge, asa-branca
Vai, patativa
Tordo, tuju, tuim
Xô, tié-sangue
Xô, tié-fogo
Xô, rouxinol, sem-fim
Some, coleiro
Anda, trigueiro
Te esconde, colibri
Voa, macuco
Voa, viúva
Utiariti
Bico calado
Toma cuidado
Que o homem vem aí
O homem vem aí
O homem vem aí

Ei, quero-quero
Oi, tico-tico
Anum, pardal, chapim
Xô, cotovia
Xô, ave-fria
Xô pescador-martim
Some, rolinha
Anda, andorinha
Te esconde, bem-te-vi
Voa, bicudo
Voa, sanhaço
Vai, juriti
Bico calado
Muito cuidado
Que o homem vem aí
O homem vem aí
O homem vem aí

sábado, 10 de janeiro de 2009

O PIOR DA CRISE AINDA ESTÁ POR VIR?

Por
Leonardo Boff


Hoje não: se não salvarmos a sustentabilidade da terra, não haverá base para o projeto do capital em seu propósito de crescimento


Num artigo anterior, afirmávamos que a atual crise, mais que econômico-financeira, é uma crise de humanidade. Atingiram-se os fundamentos que sustentam a sociabilidade humana - a confiança, a verdade e a cooperação - destruídos pela voracidade do capital. Sem eles é impossível a política e a economia. Irrompe a barbárie. Queremos levar avante esta reflexão de cariz filosófico, inspirados em dois notáveis pensadores: Karl Marx e Max Horkheimer.

Este último foi proeminente figura da escola de Frankfurt ao lado de Adorno e Habermas. Antes mesmo do fim da Guerra, em 1944, teve a coragem de dizer, em palestras na Universidade de Colúmbia, nos EUA, publicadas sob o titulo Eclipse da Razão (no Brasil, 1976), que pouco adiantava a vitória iminente dos aliados. O motivo principal que gerou a Guerra continuava atuante no bojo da cultura dominante.

Seria o seqüestro da razão para o mundo da técnica e da produção, portanto, para o mundo dos meios, esquecendo totalmente a discussão dos fins. Quer dizer, o ser humano já não se pergunta por um sentido mais alto da vida. Viver é produzir sem fim e consumir o mais que pode. É um propósito meramente material, sem qualquer grandeza.

A razão foi usada para operacionalizar essa voracidade. Ao submeter-se, ela se obscureceu deixando de colocar as questões que ela sempre colocou: que sentido tem a vida e o universo, qual é o nosso lugar? Sem estas respostas, só nos resta a vontade de poder que leva à guerra como na Europa de Hitler.

Algo semelhante dizia Marx no terceiro livro de O Capital. Aí deixa claro que o ponto de partida e de chegada do capital é o próprio capital em sua vontade ilimitada de acumulação. Ele visa ao aumento sem fim da produção, para a produção e pela própria produção, associada ao consumo, em vista do desenvolvimento de todas as forças produtivas. É o império dos meios sem discutir os fins e qual o sentido deste tresloucado processo.

Ora, são os fins humanitários que sustentam a sociedade e conferem propósito à vida. Bem o expressou o nosso economista-pensador Celso Furtado: "O desafio que se coloca no umbral do século XXI é nada menos do que mudar o curso da civilização, deslocar o eixo da lógica dos meios a serviço da acumulação, num curto horizonte de tempo, para uma lógica dos fins em função do bem-estar social, do exercício da liberdade e da cooperação entre os povos" (Brasil: a Construção Interrompida, 1993, [pág.] 76).

Não foi isso que os ideólogos do neoliberalismo, da desregulação da economia e do laissez-faire dos mercados nos aconselharam. Eles mentiram para toda a humanidade, prometendo-lhe o melhor dos mundos. Para essa via, não existiam alternativas, diziam. Tudo isso foi agora desmascarado, gerando uma crise que vai ficar ainda pior.

A razão reside no fato de que a atual crise se instaurou no seio de outras crises ainda mais graves: a do aquecimento global que vai produzir dimensões catastróficas para milhões da humanidade e a da insustentabilidade da Terra em conseqüência da virulência produtivista e consumista. Precisamos de um terço a mais de Terra. Quer dizer, a Terra já passou em 30% sua capacidade de reposição. Ela não agüenta mais o crescimento da produção e do consumo atuais como é proposto para cada país. Ela vai se defender produzindo caos, não criativo, mas destrutivo.

Aqui reside o limite do capital: o limite da Terra. Isso não existia na crise de 1929. Dava-se por descontada a capacidade de suporte da Terra. Hoje não: se não salvarmos a sustentabilidade da Terra, não haverá base para o projeto do capital em seu propósito de crescimento. Depois de haver precarizado o trabalho, substituindo-o pela máquina, está agora liquidando com a natureza.

Estas ponderações aparecem raramente no atual debate. Predomina o tema da extensão da crise, dos índices da recessão e do nível de desemprego. Neste campo, os piores conselheiros são os economistas, especialmente os ministros da Fazenda. Eles são reféns de um tipo de razão que os cega para estas questões vitais. Há que se ouvir os pensadores e os que ainda amam a vida e cuidam da Terra.

Leonardo Boff é teólogo e escritor.
Publicou, entre outros: "Ecologia: grito da Terra, grito dos pobres"; "Responder florindo: da crise da civilização a uma revolução radicalmente humana"; "Ética e eco-espiritualidade"; "Novas formas de Igreja: o futuro de um povo a caminho"; "Princípio Terra - A volta à Terra como pátria comum".

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

CIO DA TERRA

(Milton Nascimento)

Debulhar o trigo
Recolher cada bago do trigo
Forjar no trigo o milagre do pão
E se fartar do pão

Decepar a cana
Recolher a garapa da cana
roubar da cana a doçura do mel
Se lambuzar de mel

Afagar a terra
Conhecer os desejos da terra
Cio da terra propícia estação
E fecundar o chão

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

RESGATAR O CORAÇÃO

Por
Leonardo Boff

Seguramente, a crise ecológica global exige soluções técnicas, pois podem impedir que o aquecimento global ultrapasse dois graus Celsius, o que seria desastroso para toda a biosfera. Mas a técnica não é tudo nem o principal. Parafraseando Galileo Galilei, podemos dizer: "A ciência nos ensina como funciona o céu, mas não nos ensina como se vai ao céu".

Da mesma forma, a ciência nos indica como funcionam as coisas, mas por si mesma, não tem condições de nos dizer se elas são boas ou ruins. Para isso, temos que recorrer a critérios éticos aos quais a própria prática científica está submetida. Até que ponto, apenas soluções técnicas equilibram Gaia a ponto de ela continuar a nos querer sobre ela e ainda garantir os suprimentos vitais para os demais seres vivos? Será que ela vai identificar e assimilar as intervenções que faremos nela ou as rejeitará?

As intervenções técnicas têm que se adequar a um novo paradigma de produção menos agressivo, de distribuição mais equitativa, de um consumo responsável e de uma absorção dos rejeitos que não danifique os ecossistemas. Para isso precisamos resgatar uma dimensão profundamente descurada pela modernidade. Esta se construiu sobre a razão analítica e instrumental, a tecnociência, que buscava, como método, o distanciamento mais severo possível entre o sujeito e o objeto.

Tudo que vinha do sujeito como emoções, afetos, sensibilidade, numa palavra, o pathos, obscurecia o olhar analítico sobre o objeto. Tais dimensões deveriam ser postas sob suspeição, serem controladas e até recalcadas. Ocorre que a própria ciência superou esta posição reducionista seja pela mecânica quântica de Bohr/Heisenberg seja pela biologia à la Maturana/Varela, seja por fim pela tradição psicanalítica, reforçada pela filosofia da existência (Heidegger, Sartre e outros).

Estas correntes evidenciaram o envolvimento inevitável do sujeito com o objeto. Objetividade total é uma ilusão. No conhecimento há sempre interesses do sujeito. Mais ainda, nos convenceram de que a estrutura de base do ser humano não é a razão, mas o afeto e a sensibilidade.

Daniel Goleman trouxe a prova empírica com seu texto A Inteligência Emocional que a emoção precede à razão. Isso se torna mais compreensível se pensarmos que nós, humanos, não somos simplesmente animais racionais, mas mamíferos racionais. Quando há 125 milhões de anos surgiram os mamíferos, irrompeu o cérebro límbico, responsável pelo afeto, pelo cuidado e pela amorização.

A mãe concebe e carrega dentro de si a cria e depois de nascida a cerca de cuidados e de afagos. Somente nos últimos 3-4 milhões de anos surgiu o neocórtex e com ele a razão abstrata, o conceito e a linguagem racional.

O grande desafio atual é conferir centralidade ao que é mais ancestral em nós, o afeto e a sensibilidade. Numa palavra, importa resgatar o coração. Nele está o nosso centro, nossa capacidade de sentir em profundidade, a sede dos afetos e o nicho dos valores. Com isso não desbancamos a razão mas a incorporamos como imprescindível para o discernimento e a priorização dos afetos, sem substitui-los.

Hoje, se não aprendermos a sentir a Terra como Gaia, não a amarmos como amamos nossa mãe e não cuidarmos dela como cuidamos de nossos filhos e filhas, dificilmente a salvaremos. Sem a sensibilidade, a operação da tecnociência será insuficiente. Mas uma ciência com consciência e com sentido ético pode encontrar saídas libertadoras para nossa crise.

Leonardo Boff é teólogo e escritor.
Publicou, entre outros: "Ecologia, Mundialização, Espiritualidade"; "Virtudes para outro mundo possivel"; "Ética da vida"; "Casamento entre o céu e a terra".

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

O SAL DA TERRA

(Beto Guedes/Ronaldo Bastos)

Anda, quero te dizer nenhum segredo
Falo desse chão, da nossa casa, vem que tá na hora de arrumar

Tempo, quero viver mais duzentos anos
Quero não ferir meu semelhante, nem por isso quero me ferir.

Vamos precisar de todo mundo prá banir do mundo a opressão
Para construir a vida nova vamos precisar de muito amor
A felicidade mora ao lado e quem não é tolo pode ver

A paz na Terra, amor, o pé na terra
A paz na Terra, amor, o sal da...

Terra, és o mais bonito dos planetas
Tão te maltratando por dinheiro, tu que és a nave nossa irmã

Canta, leva tua vida em harmonia
E nos alimenta com teus frutos, tu que és do homem a maçã

Vamos precisar de todo mundo, um mais um é sempre mais que dois
Prá melhor juntar as nossas forças é só repartir melhor o pão
Recriar o paraíso agora para merecer quem vem depois

Deixa nascer o amor
Deixa fluir o amor
Deixa crescer o amor
Deixa viver o amor
O sal da terra