sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

AINDA SE OUVE A CHIBATA. QUANTOS AINDA A SENTEM?

"O Mestre-Sala dos Mares", de João Bosco e Aldir Blanc, composto nos anos 70, imortalizou João Cândido e a Revolta da Chibata. Como diz a música, seu monumento estará para sempre "nas pedras pisadas do cais". A mensagem de coragem e liberdade do "Almirante Negro" e seus companheiros resiste.
(Leia mais em: http://www.cefetsp.br/edu/eso/patricia/revoltachibata.html)

O Mestre Sala dos Mares
(João Bosco / Aldir Blanc)

(letra original sem censura)

Há muito tempo nas águas da Guanabara
O dragão do mar reapareceu
Na figura de um bravo marinheiro
A quem a história não esqueceu

Conhecido como o almirante negro
Tinha a dignidade de um mestre sala
E ao navegar pelo mar com seu bloco de fragatas
Foi saudado no porto pelas mocinhas francesas
Jovens polacas e por batalhões de mulatas

Rubras cascatas jorravam das costas
dos negros pelas pontas das chibatas
Inundando o coração de toda tripulação
Que a exemplo do marinheiro gritava então

Glória aos piratas, às mulatas, às sereias
Glória à farofa, à cachaça, às baleias

Glória a todas as lutas inglórias
Que através da nossa história
Não esquecemos jamais

Salve o almirante negro
Que tem por monumento
As pedras pisadas do cais

Mas faz muito tempo
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Opinião do Marisco - A Revolta da Chibata é uma história de se prolonga no tempo, indo muito além da revolta em si. O que a precedeu e, principalmente, tudo quanto aconteceu depois, fazem da Revolta da Chibata um dos episódios mais marcantes da História do Brasil. Merece ser estudada, pesquisada e entendida, o que, com certeza, não é fácil.
A Revolta da Chibata mexe com o imaginário, com o sentimento. Aguça e questiona o sentido de justiça e de dignidade. Compreender o seu contexto, a sua dinâmica e entender que seu desfecho não se dá na entrega dos navios, mas que, simplesmente, não se encerra, perpassa o tempo, toca o ano de 1969, quando da morte de João Cândido, e ainda hoje se manifesta na nuvem que a Marinha tenta impor à sua frente, mostra resistência e instiga a sociedade a olhar dentro dos olhos de cada negro e de cada miserável brutalizado no dia-a-dia e responder: por que?

Um comentário:

Val Du disse...

É o Brasil com suas histórias horríveis gerando miséria e violência.

Sabe, essa história do João Cândido eu vivo contando p/ as pessoas e sempre ilustro com essa música: O Mestre - Sala dos Mares.
É incrível como as pessoas não conhecem história. E principalmente essas que falam de exploração e abusos contra uma etnia.

Abraços.