terça-feira, 12 de maio de 2009

SUGESTÃO DE LEITOR ABRE DISCUSSÃO INTERESSANTE

Por sugestão de um nosso leitor, o Fala Marisco! foi buscar a crítica de César Locatelli ao artigo de André Lara Resende.
Publicada no mesmo Valor Econômico, em 08/05/2009, a crítica de Locatelli encontra nos embasamentos teóricos e acadêmicos do artigo de Lara Resende respostas diametralmente opostas.

Para entender tal oposição, é preciso entender aquilo que cada um defende e a serviço de qual pensamento cada um se põe.
Locatelli não revela nehuma nova tese acadêmica. O velho Brizola já, há muito, falava algo semelhante. A novidade é que os olhos se abriram.

A crise que se impôs desnudou o modelo e fez com que a elite endeusadora do mercado, livre, aberto e impiedoso, descaradamente passasse a defender, a favor daquelas empresas e bancos que deliberadamente entraram na jogatina da especulação financeira mundial, a intervenção estatal, a pura e simples doação de recursos públicos para salva-los e que fosse empurrada para a sociedade a conta. Estava instituído o "solicialismo de mercado".

É a esta elite que Resende pertence e a ela que serve. Resende se agarrra ao pensamento neo-liberal, ultra-conservador, que muitos julgam ter iniciado no Brasil durante o governo Collor e ter ganho força durante o governo Cardoso, mas que, na verdade, ainda na décade de 1970 já era pregado abertamente nos meios acadêmicos, encontrando solo fértil no Departamento de Economia da PUC/RJ, de onde espalhou-se Brasil afora.

Era, de fato, um movimento mundial, capitaneado pelo FMI e pelo Banco Mundial, que ainda no governo militar do general Figueiredo, era propalado pelo ex-ministro João Paulo dos Reis Velloso.

O hoje senador Francisco Dornelles foi o escolhido por Tancredo Neves para o ministério da fazenda do governo sucessor. Outro ferrenho defensor, já naquela época, do neo-liberalismo, Dornelles foi indicação irrecusável, posto que vinha da direção da Secretaria da Receita Federal do governo militar anterior e era garantia da continuidade do pensamento econômico que buscava hegemonia.

Tancredo não assumiu, mas Dornelles, claro, permaneceu. Contudo, a constituinte acabou por atrasar a plena implantação do neo-liberalismo no Brasil. Havia um fervilhar do debate político e proposições de fundo social transpassavam o Congresso.

Implantada a Constituição foi lançado o golpe final. Era fundamental eleger Fernando Collor, e toda sorte de artimanhas, manipulações e jogo sujo foram usados.
Collor foi eleito e quando não mais interessava (ou incomodava demais), foi retirado. Itamar foi mero tampão para a chegada de outro Fernando, o Cardoso, que fez o que fez e, incrível, não conseguiu destruir o Brasil.

Lula assumiu. Muita coisa mudou, mas a essência do modelo permanece. O Brasil, incrível, continua vivo. Mais vivo do que nunca. Grande país.

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Amanhã, o Fala Marisco! reproduzirá, na íntegrar, a crítica do economista César Locatelli.

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