quarta-feira, 10 de setembro de 2008

POLUIÇÃO NA BAÍA DE SEPETIBA

Por
Wiktor Waldemar Weibull*

A Baía de Sepetiba seria ainda uma das áreas costeiras mais aprazíveis do estado do Rio de janeiro, como ainda o é a Baía de Ilha Grande, se não fosse o alto grau de poluição orgânica e inorgânica que está potencialmente submetido o seu corpo d’água.
A qualidade das águas da Baía de Sepetiba segue lentamente um caminho semelhante ao percorrido pela Baía de Guanabara, embora com características de degradação distintas, mas que levam a um quadro preocupante e desanimador.
A expanção industrial na direção oeste da Região Metropolitana, o aumento do número de oportunidades de emprego e o baixo preço da terra loteada acarretam um significativo crescimento populacional na região hidrográfica nos últimos vinte anos.
A política de polarizar o crescimento industrial para áreas menos congestionadas levou o Governo o Estado a criar na região os Distritos industriais de Santa Cruz, Campo Grande, Nova Iguaçu e Itaguaí.
Mais uma vez, o crescimento da ocupação do solo de forma desordenada com o conseqüente aumento da concentração populacional em torno das sedes municipais, não foi acompanhado dos devidos investimentos no setor de saneamento básico.
Atualmente, estima-se uma população da ordem de um milhão, duzentos e noventa mil habitantes, cujos esgotos domiciliares produzidos degradam diretamente a qualidade sanitária do das águas que fluem no lençol freático (águas subterrâneas mais próximas ao nível do solo) através de sistemas individuais de fossas sépticas e sumidouros ou, quando lançados sem tratamento em valões, córregos ou rios acabam afetando a qualidade das águas, não somente destes, mas, da própria Baía de Sepetiba, que é o receptor final.
Com relação à poluição industrial das águas e sedimentos da Baía de Sepetiba, é lastimável o quadro atual em decorrência do lançamento de efluentes líquidos e resíduos tóxicos sem o devido tratamento.
Uma área de rara beleza paisagística e rica de ecossistemas naturais como é a Baía de Sepetiba e seu cordão de manguezais, jamais poderia ter recebido durante anos, junto às suas margens, rejeitos altamente tóxicos e cumulativos na cadeia alimentar, constituídos de altas concentrações de metais pesados, principalmente o zinco e o cádmio.
O cádmio, mesmo em concentrações baixas, além de ser altamente tóxico para determinadas espécies aquáticas, tem efeitos sobre o organismo humano, podendo se acumular lentamente em vários tecidos do corpo como os ossos, fígado, rins, pâncreas e tireóide.
O zinco, também cumulativo, causa sérios problemas na fisiologia, principalmente dos peixes, tornando-os impróprios para o consumo. O homem ao se alimentar sistematicamente desses peixes contaminados, pode adquirir problemas de pele e mucosas.
Apesar da degradação lenta da qualidade das águas e dos sedimentos da Baía de Sepetiba durante os últimos 30 anos, seu corpo d’água ainda se constitui em um criadouro natural de várias espécies de relevante interesse comercial, a citar, o camarão e peixes como a tainha, parati, pescada, pescadinha, corvina, etc..

*Wiktor Waldemar Weibull
Oceanografia
UERJ

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