terça-feira, 29 de julho de 2008

AMAZÔNIA VERDE

Desde que o The New York Times levantou a polêmica, questionando se o Brasil realmente tem direitos sobre a Amazônia, vimos publicando artigos de pesquisadores e de jornalistas que se entregaram ao tema. Demonstramos que a polêmica sobre a internacionalização não é nova, remonta ao século XVIII. Nessa época já havia o interesse territorial pela Amazônia, por sua posição estratégica, a meio caminho norte-sul e área de acesso e controle às Américas Central e do Sul. Além do aspecto geográfico, havia (e mais do que nunca, há) o aspecto geológico. Há mais de três séculos discuti-se as riquezas minerais da Amazônia. O interesse militar também se faz presente, pelo aspecto geopolítico da região.
Posteriormente, a biodiversidade e a abundância de água doce entraram no rol dos interesses internacionalistas. Os argumentos de preocupação com a floresta, com o meio ambiente e com os direitos dos índios não passam de desculpas esfarrapadas de Estados que destruíram praticamente todas as suas florestas e dizimaram povos indígenas ao longo de séculos.
No final da década de 1960, em plena ditadura militar, a Petrobras distribuia nas escolas primárias uma revista em quadrinhos, cujo personagem, Petrolino, era uma espécie de “Zé Gotinha” de petróleo, vestido com o uniforme de petroleiro da empresa. Petrolino apresentava a Petrobras à criançada e enaltecia as pesquisas e descobertas da empresa, principalmente na região amazônica.
Na década seguinte, a ditadura se mantinha, mas um novo governo se instalara com um grupo de ideólogos de renovada visão geopolítica e estratégica. Essa visão fora concebida na Escola Superior de Guerra e traçava objetivos expansionistas e agressivos, como abordado em uma de nossas postagens. Essa visão estabelecia os demais países sul-americanos satélites do Brasil, sem, no entanto, contestar a condição do Brasil de país periférico frente às nações mais desenvolvidas e satélite dos EUA. Contudo, dentro da visão geopolítica estratégica instalada, as reservas minerais de energia, como petróleo, gás, xisto betuminoso, passaram a ser consideradas reservas estratégicas. Essa decisão copiava a filosofia estadounidense relativa ás suas próprias reservas de energia.
Se, a princípio, isso não importou aos EUA, o primeiro choque do petróleo, em 1973, fez com que a posição estadounidense se alterasse. A essa altura, porém, os EUA estavam afundados até o pescoço nas ditaduras latino-americanas e ainda faltava fazer capitular a Argentina. A margem de manobras não era grande e a elite militar brasileira tinha suas próprias convicções nacionalistas.
E onde entra o tal Petrolino? Não entra, sai de cena. Ou seja, o que fora apresentado como grandiosidade verde-amarelo, simplesmente foi suprimido. Era como se nunca tivesse existido. As pesquisas na Amazônia seguiram outro rumo e a prospecção ficou limitada a uma área restrita, a Província Petrolífera de Urucu. A partir daí, a Petrobras orientou seus esforços em pesquisas na plataforma continental.
Publicamente, não há qualquer indicativo de que exista Petróleo em abundância na Amazônia. No entanto, é estranho a insistência de potências estrangeiras, que sempre tiveram atitudes desabonadoras contra o meio ambiente e que se recusam sistematicamente a tomar atitudes que minimizem o desastre atual, em desmoralizar o governo brasileiro no que tange o meio ambiente, especialmente sobre a Amazônia, e defendam abertamente sua internacionalização.

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