sexta-feira, 11 de julho de 2008

DA ESPECULAÇÃO DIRETO PARA A ESPECULAÇÃO

Rememorar os erros do passado deveria servir para evitarmos erros no presente. Mas se os erros do passados não são corrigidos...
O mesmo Naji Nahas que hoje freqüenta as páginas policiais, já as freqüentou em outras épocas, embora páginas mais próximas das páginas de economia, por pura benevolência da mídia.
No final da década de 1970 e durante a década de 1980, Nahas confirmou fortuna especulando na bolsa de valores. Alguns especialistas garantem que foi ele o responsável pela quebra da bolsa de valores do Rio de Janeiro. Com certeza colaborou de forma significativa, mas o Rio já vinha sendo esvaziado economicamente por decisão política e por interesses, obviamente, não cariocas ou fluminenses. Havia o interesse em asfixiar política e economicamente o Estado do Rio de Janeiro. As verbas federais sumiram. As grandes empresas transferiram suas sedes para São Paulo. No mesmo rastro, seguiram os bancos e as mesas de operações de câmbio e capitais. As corretoras logo arrumaram suas malas. A bolsa carioca ficou fragilizada e, assim, aplicações mais volumosas distorciam seus índices. Disso se aproveitou Nahas e outros especulares menores.
Grandes operações day trade (compra/venda no mesmo pregão) levantaram fortunas. Apoiados em corretoras, que muitas vezes trabalhavam a descoberto, compravam, no início do pregão, grande quantidade de ações de uma mesma empresa. Com isso, a cotação daquela ação subia vertiginosamente ao longo do dia. Próximo ao final do pregão, as ações eram vendidas, pelo preço da hora. Assim, "retirava-se a escada debaixo do pintor e ele ficava pendurado no cabo da brocha". Ou seja, aqueles que acreditaram num crescimento real da ação ficavam vendidos, tendo que se desfazer do papel por um preço inferior ao que haviam comprado. E aí o que acontecia? Lá vinha o especulador, recomprando todo o lote.
Ora, uma bolsa de valores já fragilizada não poderia resistir a tantos ataques. Primeiro foi eliminado e transferido para a bolsa paulista todo o pregão físico. Ficou apenas o eletrônico. Durante o período de privatizações, o governo FHC, para fazer uma média com o governo fluminense (ambos eram do PSDB), realizou na bolsa carioca a maioria dos leilões. Passada essa fase, a bolsa do Rio de Janeiro simplesmente fechou.
Nahas foi processado, acusado de manipulação. Pelo que vemos hoje, não deu em nada.

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